O soldado chinês comandante do tanque parado é o meu herói preferido.
Nos próximos dias a mídia terá tempo e espaço para lembrar os 20 anos do massacre na Praça da Paz Celestial ocorrido em 1989, quando o Exército Popular de Libertação reprimiu violentamente o protesto de estudantes e trabalhadores que se limitavam a caminhar pacificamente pelas ruas de Pequim.
Iniciada em abril, a manifestação prosseguiu até o final de maio. No início de junho, o governo chinês enviou tanques para a praça Tiananmen com o objetivo de dissolver a manifestação e por fim aos protestos. No dia 04 de junho os jornalistas ocidentais em Pequim, já submetidos a severa vigilância e censura, contabilizaram milhares de mortos nas ruas ao redor da praça.
Todo ano aqueles acontecimentos são relembrados com a estampa da foto, creditada ao fotógrafo Jeff Widener (AP), de um jovem homem postado à frente da coluna de tanques de guerra e impedindo a passagem em direção à praça.
Desde então o "rebelde desconhecido" tem sido reverenciado como uma das pessoas mais influentes do século XX.
Nunca, ao que eu saiba, foi escrita uma única frase sobre o soldado chinês que operava o tanque parado pelo "rebelde desconhecido". Parece maluquice, mas apesar de liderar uma coluna de tanques enviada para dissolver os protestos a qualquer preço, aquele militar poupou a vida do jovem rebelde e, com certeza, deve ter sido duramente punido por seus comandantes por ter coadjuvado a cena publicada em todos os jornais do mundo.